quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Não queres ser meu assessor de imprensa?

Acordo com a notícia de que os assessores de imprensa (é mais do que um) de Carlos César ganham milhares de euros (quase quatro mil, ordenado base, claro). Um deles é um ex. director de informação da RTP Açores. Nas entrelinhas percebo também que cada secretário tem o seu assessor de imprensa. Terei percebido bem?
Para que precisa uma região ultra-periférica com pouco mais de 200 mil habitantes de vários assessores e de tão bem pagos? O que faz um assessor de imprensa? Transforma (esconde) más notícias em boas notícias? Será que existe assim tanta coisa para esconder? Ou será que faz pouco ou nada e esses postos são apenas uma forma de favorecimento descarado?
Revoltado (já tenho o dia estragado), pesquiso na internet tentando encontrar, nos sites do governo, alguma informação sobre quantos assessores existem e o que fazem. Mas nada. Os sites do governo simplesmente não abrem, ou não têm informação relevante. Estão os governantes e seus assessores, ao que parece, em Washington.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Uma data para recordar


este texto de Paul Berman (2004).

"Um amigo, deitando-se sobre o balcão, disse "afirmas que a guerra no Iraque é uma guerra antifascista. Até dizes que é uma guerra de esquerda; uma guerra de libertação. No entanto, na esquerda, poucas pessoas concordam contigo."

"Não é verdade!", disse eu. "Aparte de X, Y, Z cujos nomes ligados com a esquerda conheces bem. O que pensas de Adam Michnik da Polónia? E Vaclav Havel não conta? (...)"

Ele persistiu. "A maioria das pessoas não concorda contigo. Porque será?"

Por que é que as pessoas de esquerda não pensam como eu? Exceptuando aqueles que pensam como eu? Dou-te várias razões:

Porque Bush é um político repulsivo e as pessoas estão cegas pela repulsão que sentem (...). "[se fosse, Clinton, seria diferente? Hoje é um benfeitor... digo eu]."

Porque muitos outras pessoas inteligentes decidiram, a priori, que todos os grandes problemas políticos vêem da América. Uma atitude que há sessenta anos atrás os teria impedido de compreender o fascismo europeu. (...)

Porque muitos, na sua bondade respeitosa para com as diferenças culturais, concluíram que os Árabes, por razões imprescrutáveis que só a eles dizem respeito, gostam de viver sob didaturas grotescas e não são capazes de mais nada...[uma espécie de racismo para com os Árabes, digo eu e ele]. A antiga esquerda costumava pensar que todos, e em todo o mundo, quereriam um dia viver de acordo com os mesmos valores fundamentais e deveriam se ajudados a conseguí-lo. Hoje, num espírito de tolerância igualitária afirmam: Democracia social para a Suécia. Tirania para os Árabes... É isto uma atitude de esquerda? A esquerda, a verdadeira, costumava ser a campeã das populações minoritáriascomo os Kurdos. Mas já não o é.

Porque muita gente acredita honestamente que os problemas de Israel com a Palestina representam mais do que uma disputa miserável sobre fronteiras e reconhecimento mútuo. Que os problemas de Israel são algo maior, um aspecto diabólico único do zionismo que explica o ódio e a humilhação sentida pelos muçulmanos de Marrocos à Indonésia. Na realidade muita gente sucumbiu perante fantasias anti-Semitas.... Muito se diz sobre os pecados de Israel, e muito pouco sobre os movimentos de influência fascista que causaram milhares e até milhões de mortes noutras partes do mundo muçulmano...Porque muita gente é cega perante o anti-Semitismo noutras culturas...Se abrissem os olhos poderiam ver que o partido Baath (um movimento fundado sob influência nazi em 1943 ) e os movimentos islâmicos são muito parecidos com os movimentos clássicos fascistas. Isto acaba por ser o legado fascista e totalitário que a Europa transmitiu ao mundo Muçulmano moderno.


Disse ele "E então As nações Unidas e a lei internacional não significam nada...?


Respondi, seria melhor combater o antifascismo com a aprovação da Onu. (...) Apoiar a guerra em nome do antifascismo, ou recusar a guerra em nome da lei internacional. Anti-fascismo sem a lei internacional; ou a lei internacional sem antifascismo. Uma escolha miserável, sem dúvida...

Ele disse, "Eu sou pela lei internacional e penso que traíste a esquerda. Um neocon!"

Eu disse, "Eu sou pelo derrube de tiranos, e desde quando é que derrubar o fascismo se tornou traição?".

"Mas não é Bush uma espécie de fascista?", disse ele.

"Não fazes ideia do que é fascismo." Disse eu. "Sempre pensei que a denúncia e o combate da extrema opressão eram as características principais de um coração de esquerda." Confundir sepulturas em massa, e uma população esmagada por trinta e cinco anos de Baath, com a corrupção e os favorecimentos de Bush é ridículo."(...)

Contudo, nada disto fez sentido para ele, e nada mais houve a fazer senão acenar com as nossas respectivas bebidas.

Berman, Paul, Dissent Magazine (Winter, 2004).

(Tradução livre LFB)