quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A política açoriana

Ao contrário das aparências, a política nos Açores está como César quer que ela esteja.
O número de deputados,  em vez de reduzir, aumentou - actualmente são 57 para 250 mil habitantes. Se as outras regiões do País seguissem a mesma insanidade seriam precisos 2200 deputados para representar todos os portugueses!
Somos uma região ultra-periférica, com especificidades próprias, dizem-nos. Pois, pois. E Vinhais não? E Jorumenha não? Só um raciocínio do mais provincianismo imaginável pode dizer que as aldeias mais recônditas de Portugal não têm especificidades próprias, mas o Corvo têm.
É claro que o problema está nos Açores e não nas outras regiões. À custa da noção de autonomia, tornamo-nos uma região despótica, anticonstitucionalista (veja-se o desrespeito pelo constitucionalismo manifestado nos últimos meses), despesista, manipuladora, e onde a política é mera propaganda e divertimento - é nestas duas últimas categorias que entram coisas como o 'diálogo' com os sindicatos, governar para os açorianos, o futuro dos Açores, etc.
O líder demissionário do PSD, num raro momento de sinceridade, disse bem: "agora vou ser deputado e vou ter tempo para jogar bowling com o meu filho" (ao que se sabe, afinal já suspendeu o seu mandato de deputado, vai gerir uma empresa, mas voltará, quando ao bowling nada de novo).

Carlos César gritou democracia por terem sido eleitas outras forças políticas, mas é brincadeira. A questão é que, dado o sistema político e eleitoral vigente, as maiorias fazem o que querem. E pior, se não houver maioria a região torna-se ingovernável. Como César tem a maioria fará o que quer. Os Açores precisam é de um órgão com poder efectivo de avaliar as leis do governo e de as recusar por votação. Com excepção das leis de Base da República (segurança e pouco mais), César e o seu clã podem legislar como muito bem entenderem que ninguém pode fazer nada.

(LFB)

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