sábado, 30 de julho de 2011

Sustentabilidade das IPSS: algumas recomendações

Numa das entrevistas mais enroladas que alguma vez ouvi, o Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Marco António Costa, fala sobre as dificuldades de financiamento das IPSS, bem como da necessidade de avaliar o risco dos investimentos estatais nessas instituições. É que precisamos de uma resposta social mais sustentável.
Como garantir a sustentabilidade deste sector numa época de sacrifício colectivo? Deixo às IPSS algumas recomendações (na linguagem da época):
- tentar recapitalizar-se de forma a resistir aos testes de stress;
- entrar no PSI-20 (e posteriormente vender acções a IPSS estrangeiras);
- investir em utentes de valor acrescentado;
- investir em utentes tecnológicos ou renováveis (velhos e deficientes não recomendados).

(DO)

Blood In The Mobile



O documentário passou hoje na Sic-Notícias.
Trabalho escravo no Congo para extrair minerais posteriormente utilizados nos nossos telemóveis.
O dinheiro fica nas mãos dos guerrilheiros que controlam as minas e as populações.
Quem são, afinal, os responsáveis? O que tem sido feito para por cobro a esta situação monstruosa? Até quando durará?
(página oficial aqui)
(DO)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Estado, economia, democracia e desigualdades

"A empresa, sozinha, não conseguirá, evidentemente, assegurar a preponderância do individualismo responsável sobre as tendências para a independência absoluta do eu. Como poderia consegui-lo, quando se conhecem os efeitos devastadores das políticas ultra-liberais na sociedade em geral: o fosso entre ricos e pobres aumenta [veja-se o caso dos Estados Unidos], os sistemas de protecção social recuam, há toda uma parte da população que se marginaliza, os sistemas educativos degradam-se, a criminalidade aumenta, a focalização nos lucros imediatos intensifica-se, a economia especulativa leva a melhor sobre a industria. As medidas de desregulamentação, a desobrigação do Estado, o culto do 'laisser-faire' aceleram a promoção de um individualismo desenfreado, justificam, em nome da 'mão invisível', a redução das medidas sociais, o enriquecimento vergonhoso, a maximização do interesse individual, a especulação de horizontes ilimitados, o 'cada um por si', não apenas entre os privilegiados, mas também entre os mais desfavorecidos. (...) Como imaginar o reforço do individualismo responsável, quando a glorificação do mercado conduz à exclusão de estratos inteiros da população, quando os desempregados são considerados 'preguiçosos' e os dispositivos sociais desperdícios públicos? Se a legitimidade do Estado-providência se esfumou, a realidade social do liberalismo é luminosa mas pouco sedutora. O Estado não tem, é certo, vocação para ser produtor de bens materiais e não pode continuar a ser considerado como o único suporte dos progressos económicos e sociais; nenhuma economia dinâmica, hoje em dia, é concebível fora da lógica do mercado. Isso não justifica a demissão ou a perda de ambição do poder público. Da mesma forma que a concorrência económica não pode funcionar sem quadro político e jurídico, uma sociedade democrática não pode permitir, sem se negar a si própria, o crescimento indefinido das desigualdades em matéria de nível de vida, de saúde, de educação, de urbanismo. A sagração do mercado não apela à reabilitação do Estado produtor, mas à necessidade do Estado regulador e antecipador."

Lipovetsky, G. (2010). O Crepúsculo do Dever. A ética indolor dos novos tempos democráticos
 (Tr. F. Gaspar & C. Gaspar)Lisboa: Publicações Dom Quixote, p. 219.
(sublinhados meus)
(D.O.)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Remarks by Elie Wiesel (2011 National Tribute Dinner)

O ambiente e o colapso da civilização

"Nas últimas décadas do século vinte houve uma desilusão crescente com algumas das consequências do desenvolvimento moderno e um grande interesse na ideia de conservação e protecção do ambiente. Emergiram grupos que fazem campanhas sobre uma variedade de assuntos e temas ambientais foram introduzidos nas políticas doméstica e internacional. Agumas mudanças foram alcançadas num número significativo de áreas importantes: eliminação nas cidades da poluição causada pelo fumo, reduções na poluição industrial, acordos internacionais sobre chuvas ácidas e produção de CFC. Contudo, quando confrontado com a ideologia dominante do crescimento económico, da inovação tecnológica e do consumo de massas, o impacto dessas ideias é reduzido. Muitas das medidas adoptadas nos finais do século vinte são pouco mais do que cosmética quando confrontadas com as forças motrizes do crescimento populacional, da necessidade de aumentar a produção de comida, da cada vez maior necessidade de aumentar a produção industrial e com o aumento crescente do consumo de energia. De facto, foi possível interpretar muitas dessas medidas - conservação da vida selvagem em áreas delimitadas, poluição licenciada até certos níveis, cláusulas permissivas para a baleação científica, apoios limitados à agricultura orgânica mantendo, simultaneamente, os subsídios massivos à agricultura convencional e o impulso para o 'consumismo verde' -como sendo nada mais do que formas de escorar (shoring up) o sistema existente em vez de constituirem os primeiros passos para  uma abordagem mais ambientalmente benigna."

(CLive Ponting,  A New Green History of the World - the Environment and the Collapse of Great Civilizations, Penguin books, revised ed. 2007, p.413. tr. LFB)

terça-feira, 12 de julho de 2011

"Esqueçam tudo"

" A obrigação foi substituída pela sedução, o bem-estar tornou-se Deus e a publicidade o seu profeta.
(...)

'Há uma vergonha de se ser feliz face a certas misérias' –  escrevia La Bruyère; a publicidade, essa, apela: 'Esqueçam tudo'. "

Lipovetsky, G. (2010). O Crepúsculo do Dever. A ética indolor dos novos tempos democráticos
 (Tr. F. Gaspar & C. Gaspar). Lisboa: Publicações Dom Quixote, pp.62, 63.


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Inside Job (2010)



Para quem não viu no cinema.
Lamentavelmente, as legendas nem sempre são de fiar.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Machine Gun




Por sugestão do filme Serious Man dos irmãos Cohen.

Estados de espírito

" - Valha-me Deus! Que esquisito que isto está hoje! E ainda ontem as coisas se passaram como de costume. Será que me transformei durante a noite? Deixa-me cá ver: seria eu a mesma pessoa quando me levantei esta manhã? Quase me quer parecer que me recordo de me sentir um pouco diferente. Mas senão sou a mesma, a pergunta lógica é: "Quem diabo sou eu?" Ah, esse é o grande enigma!

E começou a pensar em todas as crianças que conhecia que tinham a mesma idade que ela, para ver se a teriam trocado por alguma delas."

(Carrol, L., As Aventuras de Alice no Pais das Maravilhas, (tr. MVG) Edição Expresso, 2010, p.29)